O fato de os homens serem protagonistas na construção das cidades faz com que as necessidades das mulheres muitas vezes sejam desconsideradas. Elaboradas por homens, a maioria dos planos diretores e políticas urbanas pensa a cidade de acordo com uma lógica econômica e masculina, valorizando atividades de produção, trabalho remunerado e consumo. Mulheres são as que mais caminham e circulam por transporte público, e as que menos decidem e são ouvidas nas cidades.
ONDE ESTÃO AS MULHERES
NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
No Rio de Janeiro, existe uma lei municipal (2.906/1999) que tornou “obrigatória a alternância de gênero, em igual proporção, de nomes de personalidades masculinas e femininas”2. Mas até 2016, só 14,9% das ruas cariocas tinham nomes femininos.
O Rio de Janeiro tem 2 mil monumentos, mas menos de 20 são de figuras femininas. Essa também é uma forma de apagar e desvalorizar a participação das mulheres na sociedade e nas cidades.
Você sabe onde ficam prédios construídos por mulheres? Ou quais monumentos homenageiam mulheres?
Como seria a cidade se os nomes das ruas, avenidas e praças reconhecessem a contribuição e a presença das mulheres?
Renomeie os espaços públicos usando nomes de mulheres brasileiras que lutam por direitos e igualdade.
Beatriz Nascimento
(1942-1995)
Historiadora, professora, roteirista, poeta e ativista pelos direitos humanos de negros e mulheres. Foi uma das principais intelectuais do país, com contribuições fundamentais para entender a identidade negra como instrumento de autoafirmação.
Bernadete Pacífico
Ialorixá, matriarca do quilombo Pitanga dos Palmares e ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, na Bahia. Vinha denunciando as ameaças que recebia e a perseguição aos quilombolas, e foi morta a tiros em 17 de agosto de 2023.
Cida Bento
Psicóloga e ativista brasileira, diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que atua na redução das desigualdades raciais e de gênero no ambiente de trabalho. Em 2015 foi nomeada pela revista The Economist uma das 50 pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade.
Creuza Oliveira
Presidenta de Honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, foi a primeira liderança sindical desta categoria a ser homenageada com o título de doutora Honoris Causa no Brasil, da Universidade Federal da Bahia.
Eliete Paraguassu
Mulher negra, mãe solo, marisqueira, pescadora e quilombola da Ilha de Maré, em Salvador. Militante do movimento da pesca há mais de 20 anos, constrói suas lutas em defesa do povo negro, meio ambiente e pelo bem viver.
Erica Malunguinho
Educadora, artista plástica e política brasileira. Em 2018 foi eleita deputada estadual por São Paulo, sendo a primeira mulher transgênero da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Erika Hilton
Primeira deputada federal negra e trans eleita na história do Brasil. Vereadora mais votada do país em 2020, por 2 anos foi a presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo.
Joênia Wapichana
É advogada, sendo a primeira mulher indígena a exercer a profissão no Brasil, e a primeira a se eleger deputada federal no país (2019-2023). Atual presidenta da Funai.
Keila Simpson
Presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Ativista do movimento LGBTQIAP+ desde 1990. Ela já foi vice-presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e, em 2013, recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos.
Laudelina de Campos Melo
(1904-1991)
Defensora dos direitos das mulheres, fundadora do primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas no Brasil. Sua atuação foi fundamental para a conquista do direito à carteira de trabalho e à previdência social.
Lélia Gonzalez
(1935-1994)
Intelectual, autora, política, professora, filósofa e antropóloga brasileira. Pioneira nos estudos sobre cultura negra no Brasil e cofundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro, do Movimento Negro Unificado e do Olodum.
Luiza Bairros
(1953-2016)
Formou-se em Administração Pública e era doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan (EUA). Foi um dos principais nomes do Movimento Negro Unificado (MNU). Ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial, cargo que ocupou entre 2011 e 2014.
Puyr Tembé
Atualmente é Secretária dos Povos Originários do Estado do Pará, foi presidenta da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (FEPIPA) e é cofundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). Organizadora das Marchas das Mulheres Indígenas.
Rose Marie Muraro
(1930-2014)
Nos anos 70, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil. Escritora, intelectual, autora de mais de 40 livros sobre feminismo, direitos das mulheres e afins. Também atuou como editora em 1600 títulos.
Sandra Braga
Agricultora rural, integra a Coalizão Negra por Direitos e o Coletivo de Mulheres Negras da CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas. É pertencente e liderança do Quilombo Mesquita no estado de Goiás.
Selma Dealdina
Mulher quilombola do Angelim III, Território do Sapê do Norte, no Espírito Santo. Integra diversas organizações da sociedade civil comprometidas com a luta quilombola e com a luta antirracista. É Secretária Executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).
Sonia Guajajara
Graduada em Letras e Enfermagem, fez pós-graduação em Educação Especial. Internacionalmente reconhecida por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas e pelas causas socioambientais. Atual Ministra dos Povos Indígenas.
Sueli Carneiro
(1942-1995)
Filósofa, escritora e ativista antirracista do movimento negro brasileiro. É doutora em filosofia pela USP e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, sendo considerada uma das mais relevantes pensadoras do feminismo negro no Brasil.